WASHINGTON DC, 11 de ago de 2015 às 20:00
Alguns grupos católicos dissidentes nos Estados Unidos exigem que a Igreja aceite como sacramento o “matrimônio” de casais homossexuais, algo que se opõe ao plano divino e que não é possível aceitar nem mudar.
O professor de Teologia Moral na Universidade Católica de América, em Washington, Dr. John Grabowski, disse ao Grupo ACI que o pedido pela "igualdade sacramental" por parte de grupos como Dignity USA demonstra "uma falta de compreensão do significado e da natureza da Igreja, além de desconhecer o que são os sacramentos".
“O ‘matrimônio igualitário’ se fez um bom lema, mas na compreensão da Igreja, o matrimônio não é algo que pode ser ‘redefinido’; tanto por grupos de interesse e pelo governo, como também pela própria Igreja”, sustentou Grabowski.
No dia 5 de julho, o grupo Dignity USA anunciou seu apoio ao “completo acesso ao matrimônio e à ordenação” na Igreja Católica. A convenção anual desta organização, realizada na cidade de Seattle, aprovou uma resolução na qual assinala que os líderes católicos devem “garantir que todos os sacramentos da nossa Igreja sejam administrados independentemente da identidade de gênero, orientação sexual ou condição relacional das pessoas que o peçam”.
A organização também rejeita a doutrina católica sobre a imoralidade dos atos homossexuais.
Marianne Duddy-Burke, diretora executiva do Dignity USA, disse que as pessoas homossexuais estão oficialmente proibidas de receberem o sacramento “do matrimônio e da ordenação” e que normalmente também lhes negam outros sacramentos.
“Não podemos ser totalmente iguais quando somos excluídos dos sacramentos da nossa Igreja”, afirmou Duddy-Burke, citando ainda em sua declaração o reconhecimento que o Tribunal Supremo dos Estados Unidos fez ao matrimônio civil entre pessoas do mesmo sexo, em junho deste ano.
Por sua parte, o professor Grabowski assinalou que a postura do Dignity USA é “lamentável”, pois o matrimônio foi “criado por Deus” e ninguém pode reconfigurá-lo ou redefini-lo.
A concepção católica do matrimônio está fundamentada no livro do Gênesis, quando Deus cria o ser humano como homem e mulher e lhes ordena que “sejam fecundos e multipliquem-se”, explicou o perito.
Em seguida disse que o matrimônio reflete a Deus como “uma comunhão de pessoas” e uma “unidade de amor”. O matrimônio é a maneira através da qual o homem e a mulher “participam de sua grande capacidade de criar nova vida à imagem de Deus”.
Grabowski explicou ainda que a moral católica distingue várias formas de discriminação e sustentou que “a discriminação injusta sempre é moralmente ruim, mas não toda distinção é discriminatória e injusta”.
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No entanto, Elk Stanley, assessor legal da organização jurídica Alliance Defending Freedom, afirmou que os indivíduos e organizações católicas podem enfrentar demandas e outras ameaças devido às leis e regulamentos de não discriminação em matéria de emprego e lugares de alojamento público.
Entretanto, não acredita que a postura do Dignity USA evidenciaria um problema para a defesa legal de grupos ou indivíduos católicos que professam a doutrina católica.
“É difícil predizer o que vai influir na decisão dos juízes, reguladores ou legisladores”, advertiu Stanley.
“Os legisladores e outros funcionários consideraram os casos das igrejas que abandonaram o ensino protestante evangélico sobre o matrimônio, argumentando que as igrejas estão trocando seus caminhos. Entretanto, isto provavelmente não é uma preocupação para a Igreja Católica, a qual está clara há centenas de anos a respeito da sua doutrina e sua relação com o matrimônio e a sexualidade humana”.
“Como não existe uma mudança na postura da Igreja Católica com relação a estes temas, a pedido de um grupo dissidente é pouco provável que atribuam como a doutrina desta instituição”, explicou Stanley ao Grupo ACI.
O professor Grabowski considera que estas pressões para mudar a definição do matrimônio aumentaram depois da decisão favorável do Tribunal Supremo dos Estados Unidos em junho deste ano. Entretanto, também acredita que isto comprova as tendências culturais que existiram há cinco ou seis décadas. A anticoncepção e o divórcio sem culpa já representavam uma definição cultural do matrimônio.
A pressão do Dignity USA pela “igualdade sacramental” recebeu o apoio de outro grupo católico dissidente, New Ways Ministry, por meio de um comunicado emitido no dia 8 de julho, por seu diretor executivo, Francis DeBernardo.
Ambos os grupos formam parte do Equally Blessed Coalition. Entre seus patrocinadores financistas estão Arcus Foundation, organização que entregou à coalizão uma subvenção de 200 mil dólares destinados “a apoiar os defensores crentes pró-gay para influir e rebater a narrativa da Igreja Católica e seus afiliados ultraconservadores”. Este tema está relacionado diretamente com o Sínodo da Família e o Dia Mundial da Juventude, de acordo com a lista de subvenção disponível na página da fundação.
A fundação também ajudou a financiar os defensores da mudança doutrinal e litúrgica dentro de outras confissões religiosas, inclusive a Igreja Episcopal dos Estados Unidos.
Arcus Foundation também está levando a cabo uma estratégia de luta contra as isenções de liberdade religiosa. Também está entre seus sócios internacionais vinculados ao lobby gay o Fundo de Equidade Global do Departamento do Estado dos EUA.